9 de julho de 2012

o navio: mar de baixura

a dorna é a protagonista do poemário
 quando me instalei na arouça um colega do trabalho explicou-me: 
- se vas viver aqui, tens que fazer o curso de dorna.
e eu dei uma resposta de autêntico interiorismo rural:
- que é uma dorna?
esse era o conhecimento que eu tinha do mar galego. um saber superficial e costeiro, nunca melhor dito. evidentemente, figem o curso, na escola de navegaçom tradicional da acd dorna. aprendim a navegar a vela e a remos, sem motores nem bruares de cavalos. 
porém, nom só aprendim a içar o trapo ou levar o temom. com a gente de dorna conhecim o mar da arouça, as suas pedras e as suas histórias; soubem que há sítios melhores para a rabaliça e outros preferidos polas vieiras, ou que naquela ponta afogou um homem ou que lá assoma o pau dum velho pailebote que foi bateia.  soubem o que é quedar-se o vento ou ir calma podre. quando caim na conta eu já falava de nom ver a boia, de haver gente como areia, ou chover a esmadraçar, todas maneiras de dizer carcamãs.
e com o achegamento ao mar, chegarom os poemas e a vontade de fazer um presente á gente que me acolheu no seu mundo como se nom fosse de fóra, e que mantém vivo um património que nos pertence a todas.

o presente vém sendo a noiva e o navio.


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