22 de setembro de 2012

poemas de amor

anne sexton lendo anne sexton
revisando o bló das leituras, do pam que me alimenta literariamente, re-encontrei o comentário que escrevim após a leitura de anne sexton. o bom de fazer diários e bitácoras é que passa o tempo, dás volta para olhar o caminho percorrido e contas com marcas que che lembram aquilo que ti fuches deixando de banda. isto foi o que escrevim daquela:

tinha vontade de botar-lhe o dente a esta poeta, depois de saber dela há anos, através da carapuchinha encarnada (para que vejades de onde venhem as ligaçons leitoras). mas o livrinho que procurava nom o há em língua acessível para mim (tradutoras, traduzide!). em troca dei com esta antologia de poemas de amor
custou ler. porque nom tinha o corpo para esta poesia de amor. dura. quase violenta. auto-ferinte. uma grande parte dos textos transmitem uma ideia das relações de parelha destrutiva com a que me resulta difícil sentir-me identificada. 
e deixava para outro dia.
e venha a começar de novo. 
e anotava um verso.
uma imagem.
e as transformava para as fazer minhas. 
e acabei por identificar-me com aquilo que escrevim eu lendo anne sexton

suponho que isso também é a leitura.
 
aquilo que escrevim lendo anne sexton vém sendo a noiva e o navio. e eu nom recordava que era aí que estava a cerna.
 
 

6 de setembro de 2012

calma podre II

marlon brando na bounty



o feroz azul do céu
é fulgor de faro
advertindo da sede e a solheira

bebamo-nos inteiros
antes da amotinaçom.


calma podre I

calma podre é uma expressom de uso quotidiano na arouça que vém a dizer que nom há vento no mar.
o wendiguru dá para hoje ventos de um e dous nós. é dizer: nada.

hoje é tarde de calma podre. calma acompanhada duma calor insuportável. o céu está clarinho de todo, sem uma só nuvem e a única maneira de nom ferver o cérebro é submergê-lo na água ou na sombra. 

e a meteogaliza diz que passaremos dos 30º C de temperatura.

tivem a oportunidade de navegar polos mares das rias baixas em dias assim. o primeiro que me veu á cabeça quando o figem foi aquela marinharia de colombo que queria tomar o poder nas naves que iam a américa farta da solheira e do aborrecemento. nom me estranha! estar com calma podre na cuberta duma embarcaçom, sem sombra que proteja e, aboiada, sem possibilidade de deslocamento provoca o afloramento de todos os instintos violentos que uma esconde nas simas do subconsciente e sob as mantas da educaçom.

disso fala o poema calma podre.