8 de novembro de 2012

a poesia nom serve para nada

Livros flutuando na fonte
letras na água
- susana, ontem lim-lhe o poema da flutuabilidade ao meu moço. lim-lho por telefone, que estes dias está fora. e sabes que?

- que?

- nom gostou nada. mira ti, diz que nom lhe encontra a graça....

- mulher, isso é porque nom veu aos lançamentos e nom percebe o que ti depois de participares num deles ...

- como nom ia perceber, se o poema conta mesminho mesminho o que nos acontece a nós os dous... se sempre andamos a emborcar!


 [piscadela: estades a tempo de vir ao lançamento em santiago.]


a imagem é de mónicaewagner e leva por título livros flutuando na fonte.

 

7 de novembro de 2012

flutuabilidade





a norma é simples: 

tu na banda de meo 
em couso eu sentadinha 
distantes para tecer 
de balança 
um precário equilíbrio 

por que será que sempre emborcamos

3 de novembro de 2012

glossário: driça

as driças da nova marina amarradas na banda de couso

as driças som os cabos que servem para içar a vela da dorna. para facilitar o trabalho do marinheiro  levam um motom que suaviza o esforço do içado. 

driçar é trabalho do marinheiro (a pessoa que nom governa a cana): na dorna, cada vez que cambiamos a vela de banda, devemos abaixá-la e voltá-la subir. as driças devem ficar tesas, cousa mais trabalhosa de conseguir quanto mais vento vaia. do contrário, o trapo da vela fica com engurras e nom responde bem ao vento.

na imagem, a nova marina tem a arouça na proa e a ilha de rua na amura de estimbordo. vinhamos recém acabadas de passar o carreiro de sagres numa travesia desde muros.